Subsídio Global – Erradicando o Pé Torto no Brasil

No ano passado em Belo Horizonte (2018), foi concluída a quinta e última fase do programa ‘Erradicando o Pé Torto‘ no Brasil (agosto de 2016 a agosto de 2018). Essa iniciativa nasceu da parceria do Rotary (distrito 4420) com o grupo de médicos ortopedistas da Ponseti Brasil.

Esse subsídio global, proposto pelos RC Sudeste e RC Santo André e com a parceria dos Rotary Clubes americanos de Iowa e de Los Angeles, objetiva a criação de uma rede pública de clínicas de referência para o tratamento de pé torto pelo Método Ponseti, através do treinamento de 50 ortopedistas através do modelo de educação médica baseado em mentoria. Assim, ortopedistas de todas as regiões do país, que já trabalham com crianças na rede pública, vivenciaram com seus mentores 5 dias de imersão no tratamento de pé torto. 

O Método Ponseti é considerado hoje padrão ouro no tratamento inicial do pé torto, é efetivo e eficiente e tem boa reprodutibilidade, e assim os pés com a deformidade ao nascer adquirem um aspecto funcional e estético muitos próximos do normal. Ele consiste na confecção cuidadosa de gessos seriados, com uma cirurgia de pequeno porte no tendão de Aquiles, e o uso de uma órtese para evitar as recidivas. Essa forma de tratamento, acessível às crianças nos primeiros meses de vida, podem reduzir radicalmente as taxas de pacientes adolescentes e adultos não tratados e com essa deformidade tão estigmatizante e limitante funcionalmente. 

O treinamento foi realizado em São Paulo, Salvador, Passo Fundo, Brasília e Belo Horizonte, cada cidade com 10 mentores e 10 treinandos. Em contraste com as capacitações de pé torto já realizadas no país, o foco é a criação de uma rede pública (SUS) de clínicas de referência, através de um programa nacional de atenção a essa alteração congênita, com envolvimento da comunidade, através dos rotarianos e também da Associação de Pais de Crianças com Pé Torto, a Primeiro Passo. O modelo contou também com a estrutura denominada megaclínica, onde cada mentor e seu treinando puderam vivenciar, por 5 dias, em diferentes hospitais do SUS, realidades diversas do tratamento das crianças com pé torto – desde a confecção dos gessos, até o seguimento na fase do uso de órteses de abdução. Uma base de dados internacional registra os casos já tratados pelos médicos em seus Hospitais após a capacitação. A importância do apoio do gestor e de uma clínica multidisciplinar é reforçada.

Nesse mês de abril 2019, foi iniciada a fase de avaliação do Programa, e com o grupo controle, de hospitais que ainda não tinham tido contato com o Programa, constatou-se que estes não tinham um atendimento específico de pé torto e por isso não eram tão eficientes no tratamento de crianças com pé torto. A seguida, receberam um treinamento aqui em São Paulo, e passaram a integrar a rede de clínicas de referências SUS, agora incluindo também  serviços públicos em Carapicuiba, Barueri, Diadema, MBoi Mirim, Cubatão, Guarulhos,  Assis (SP), Bauru (SP), Ribeirão Preto (SP), Camburiú (SC), São Borja (RS), Vila Velha (ES), Santo Angelo (RS).

O Rotary está tendo um importante papel, no sentido de ajudar a divulgar a afecção ortopédica, promover e auxiliar os bancos de órteses criados para favorecer o acesso às órteses de abdução, e até criação e manutenção de casas de apoio para pacientes que moram longe dos locais de tratamento. Esse programa será capaz de absorver as 4000 crianças nascidas com pés tortos no Brasil a cada ano, e tornará as clínicas de referencia locais multiplicadoras de conhecimento médico e multidisciplinar no tratamento de pé torto.

O programa é apaixonante, está tendo importante repercussão, e está já sendo reproduzido em outros países da América Latina, como a Bolívia e o México, com emparceiramento dos rotarianos com médicos locais. A Colômbia, o Paraguai, o Equador, a Argentina, o Panamá e a Guatemala já estão se organizando para começarem seus programas.

NOSSO PROGRAMA É INSPIRAÇÂO PARA NOVO SUBSÌDIO GLOBAL

Nosso programa Rotary foi inspiração para que um de nossos treinandos no programa Erradicando o Pé Torto, Dr Ricardo Castro, junto ao Rotary São Carlos Norte, se animasse a trabalhar em um novo Subsídio Global, o “Ortetizando o pé Torto no Brasil”, em parceria com o Rotary da Alemanha. Esse novo subsídio objetiva a aceleração da implantação de 50 bancos de órteses utilizadas no Brasil. As órteses de abdução (botinhas conectadas a uma barra) são importantes para  evitar as recidivas no tratamento do pé torto congênito.